segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sobre a Cultura


Cultura: Resistência e Persistência

Por Josuel Pintor

Os políticos sempre buscam os meios mais eficientes de conquistar o voto do eleitor. Para isto, recorrem ao “marketing” como uma das formas de atrair a simpatia e a confiança das pessoas, adotando posturas, discursos e atitudes que nem sempre, ou quase nunca, condiz com sua postura real.
Algumas frases feitas, de tão usadas já viraram “clichês” e já não convence mais. Mesmo assim, algumas ainda são largamente usadas. Basta que lhes faltem um pouco de criatividade, e alguns disparam um: “Prometo cuidar da saúde, da educação e da segurança”.  Às vezes ainda acrescentam entre as prioridades a atenção ao esporte, a cultura e ao laser.
Mas há no momento um apelo descarado e vigarista quanto à atenção e o combate à miséria e a fome. E porque descarado e vigarista? Por que sabe-se que jamais alguém vai se opor a quem se propõe a acabar com tais problemas, mesmo quando se sabe tratar-se apenas de uma forma de sensibilizar as pessoas. Usam a desgraça alheia para se autopromover.  Tratar desses problemas desse modo é pura vigarice. É como querer rebaixar outros temas essenciais a um segundo plano. Quase sem direito de reivindicação.
Há alguns dias, recebi um e-mail muito interessante. Trata-se de uma espécie de manifesto intitulado: RESISTÊNCIA E PERSISTÊNCIA DOS SEM PALCOS DE CAMARAGIBE
            Um dos seus idealizadores é Geraldo Cosmo - Ator e Diretor de teatro da cidade de Camaragibe.
            Geraldo ministrou aulas de teatro em Vicência, e montou junto com seus alunos um grupo de teatro denominado GRUPO UNIARTE do qual eu muito honrosamente fiz parte.
            Em seu manifesto Geraldo e os demais simpatizantes do movimento, reivindicam um espaço onde possam produzir seus espetáculos com dignidade. No caso um teatro. Geraldo conclama as pessoas a fazerem o mesmo em suas cidades, e afirma: “Uma cidade sem teatro não pode se considerar cidade. Na antiga Grécia as cidades que não tinham teatro não eram consideradas cidades,” e completa: “É preciso conscientizar os governantes que o teatro é um bem tão necessário quanto uma escola, um hospital, uma biblioteca ou uma praça, e levar em consideração que na cidade existem profissionais que geram renda e pagam seus impostos como qualquer cidadão de qualquer outra profissão”.

            Se uma cidade sem teatro não é cidade, imaginem uma cidade sem identidade cultural.
Vicência ainda permanece tateando no escuro do universo da cultural. Essa cidade que já foi chamada de “princesa do vale do Siriji”, hoje seus filhos mais novos sequer sabem que um dia foi chamada assim. Temos os títulos de “Terra da banana e do açúcar”, e “Terra do vôo livre”. Mas, por causa do pensamento retrógrado e do comodismo de alguns políticos, o título de Terra da banana e do açúcar ficou no esquecimento e o voo livre apesar de Vicência ter um dos melhores lugares para a prática desse esporte, quase se desfez por completo, restando apenas um pequeno grupo de pessoas que lutam para alimentar os seus desejos de poder voar. Como alternativa e em busca de uma identidade, Vicência resolveu mergulhar no seu passado histórico e recebeu mais um título: “Terra dos engenhos”, que apesar do seu potencial, encontra-se assim como seus artistas, quase que em total abandono.   

É um absurdo tratar essas pessoas dessa forma, privando- lhes dos seus direitos de cidadãos.
 É um absurdo ter que reivindicar o direito de fazer o bem pra sua cidade, sua região e para cultura de uma forma geral.
A cultura gera renda. Renda esta, que os governantes jamais abrem mão. No entanto, renegam-na a um segundo plano. Quando muito fazem dão pequenas migalhas que chamam de “incentivos”, concentrando quase todos os recursos que se dispõem a oferecer nas mãos dos artistas de renome com seus cachês milionários e seus contratos abusivos. A todo o restante resta viver em constante busca pelo direito de manter viva a sua cultura.

Apesar de estar em voga o discurso em prol da cultura, do meio ambiente, desenvolvimento sustentável etc. É no social que eles encontram sua melhor fórmula para sensibilizar e convencer as pessoas.
Ávidos por conquistar um novo cargo a cada eleição procuram mostrar serviços prestados, obras das quais possam se orgulhar, sensibilidade para com o social...
Enfim, precisam conquistar o voto do eleitor. E nesse sentido não há tema mais propício que o tema da fome.
Mas e a fome de justiça?
A fome de Educação?
A fome de cultura?

Sentimos tanto a necessidade espiritual, intelectual e cultural quanto a necessidade física. Mas às vezes é preciso protestar, exigir, bradar, como fez Geraldo e seus colegas de atividade, ou como fez Natália Correia utilizando-se do privilégio de ser poeta nos versos que se segue:
A Defesa do Poeta

Senhores sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto
Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.

2 comentários:

  1. parabéns pela postagem, Vicência está quase perdendo a placa com indicação onde fica o lugar. é lamentável que as pessoas não tenham perspectivas de lazer, um esporte manipulado, uma companhia de dança q perderam até o nome, rota dos engenhos, teatro nem se fala... se fósssemos citar seria uma lista enorme. eles não cuidam da prioridade número um, imaginem as demais.

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  2. VEJO HOJE NO ÂMBITO DA POLITICA, PENSAMENTOS QUE NÃO CONDIZ COM O FATO REAL DE FAZER POLITICA, FALAR QUE VAI SE DEDICAR A ESSES TÓPICOS VEREADOR É SIMPLESMENTE REPRODUZIR DISCURSOS.
    DIZ UM CERTO ADÁGIO POPULAR: "QUEM VAI NA CABEÇA DOS OUTROS É PIOLHO". ISTO TEM UM CERTO GRAU DE VERACIDADE, POIS POLITICO QUE FOCA NESTES TEMAS QUE FAZ PARTE DO COTIDIANO DA RAÇA HUMANA É SER POLITICO QUE NÃO TEM CAPACIDADE PARA PENSAR E DIANTE DO CONTEXTO POLITICO JAMAIS MUDARÁ NADA NUNCA. UM PARLAMENTAR QUE SE PREZA TEM POR OBRIGACAO DE TRABALHAR NESTES PONTOS SEM PROMETER QUE VAI MELHORAR NADA DISSO. É OBRIGACAO DELE ASSIM FAZER.
    O PROBLEMA MAIOR ESTAR NA FALTA DE COINSCIENTIZACAO POLITICA DA MASSA, SABER VOTAR É DESCARTAR ESSES HIPÓCRITAS QUE ESTÃO POR AI SEM SABER DE ONDE VEIO NEM TÃO POUCO PARA ONDE QUER CHEGAR.

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